quarta-feira, janeiro 21, 2009
Snapshot XXVI
Ecos da escuridão derrotados pela luz do teu Amor.
A. Narciso @ quarta-feira, janeiro 21, 2009
Celebre-se
Pois é, dizem que é Janeiro… e o tempo lá fora confirma os rumores. As negras nuvens teimam em cobrir um céu despido de luz. Os ventos sopram para longe o embalo dos dias solarengos e cá dentro, a tempos, choram as almas.
Mas por entre as lágrimas e a negritude dos dias urge encontrar a esperança de um novo dia. E nada melhor que o Amor para levar a cabo tão nobre tarefa. Sim, esse amor de sempre e de todos os dias. Esse mesmo, que nunca se afoga e que incessantemente navega, mesmo que ao sabor do temporal.
Celebre-se então esse Amor, alegrem-se os corações, celebre-se a vida num beijo… e cantemos… cantemos um ao outro, num sussurrar inebriante, a doce palavra Amor!
*AAA*
A. Narciso @ quarta-feira, janeiro 21, 2009
quinta-feira, outubro 09, 2008
Não nos vencem
Podem vir negras nuvens
Podem vir eternos dilúvios
Mas não nos afogam…
Podem contratar carcereiros
Podem apertar as amarras
Mas não nos prendem…
Podem tecer infinitas mordaças
Podem comprar o silêncio
Mas não nos calam…
Podem armar exércitos
Podem corromper os fracos
Mas não nos vencem!!!
AAA
A. Narciso @ quinta-feira, outubro 09, 2008
quinta-feira, agosto 14, 2008
Morre lentamente...Rejuvenesce diariamente
Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajectos, quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.
Morre lentamente, quem abandona um projecto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Morre lentamente...
Pablo Neruda
Rejuvenesce Diariamente…
…o nosso amor, essa viagem sem fim, esse livro que diariamente reescrevemos, essa música ao som da qual diariamente dançamos a valsa da vida.
Rejuvenesce Diariamente…
A. Narciso @ quinta-feira, agosto 14, 2008
quinta-feira, outubro 18, 2007
Foco
A penumbra cai sobre a cidade. Rostos distorcidos afogam-se na escuridão. O barulho do trânsito cessou e os passos das pessoas não passam de ecos moribundos. Já não se escutam vozes, nem dos cafés nascem arrebatadas gargalhadas. Os candeeiros apagaram-se e até o odor típico da cidade desapareceu. A cidade tombou numa espiral de sombras arrastando com ela tudo o que a povoava. Apenas um foco de luz permanece, algures entre a contemplação do meu olhar e o horizonte do meu sonho. É de uma luminosidade enérgica, porém suave como veludo. Dá-me a calma plena por entre o debruado assustador da sombra. Acima de tudo ilumina-me, como a lua cheia ilumina as aldeias sorvidas pelas trevas. E de tão fulgurante que é aquece, como o crepitar da lenha na lareira traz o Verão ao rigoroso Inverno. Cativa-me, absorve-me, talha-me vozes na alma e certezas no pensamento. Vislumbro-a na sua dança de luz, inebriado pelas mil formas que alcança aquando dos seus movimentos, sempre retornando à sua forma singular, a silhueta incomparável do Amor que tudo alumia.
AAA
A. Narciso @ quinta-feira, outubro 18, 2007
quinta-feira, setembro 13, 2007
A caminho do Oriente
Castelos, torres, igrejas fortificadas, passagens secretas, pontes cobertas, vampiros, eternas lendas, lagos de azul celeste, florestas misteriosas, mescla de culturas, romanichéis, cidades medievais onde o passado ressoa, autocarros desconjuntados, comboios pintados a ferrugem, passeios intermináveis por locais inóspitos, por ruas singulares, comida exótica, ligações ferroviárias “Express” que demoram vinte e quatro horas, pontes que ligam mundos, mundos que se tentam ligar por pontes, barcos que chegam e partem num corrupio único, “hamans”, especiarias, quinquilharias e outras marroquinarias, vozes que cantam chamamentos, horizontes decorados a minaretes e acima de tudo aventuras sem fim. Tudo isto a dois, naturalmente, polvilhado de amor, que é o condimento que mais sabor dá à vida.A. Narciso @ quinta-feira, setembro 13, 2007
sábado, agosto 11, 2007
Tardes de Jardim
Águas verdes que o vento ondula de passagem,
Folhas que navegam sem rumo ou direcção.
Aves que se perdem no azul doirado do céu,
Beijos que nascem e morrem nos lábios teus.
Árvores frondosas de sombras intermitentes,
Pedras que rolam perante passos apressados.
Tardes soalheiras regadas por um sorriso,
Linhas que se cruzam, na paixão do teu olhar.
Peças que numa dança se arranjam,
Memórias que numa conversam despertam.
Desejo que um aceno alerta,
Certeza da eterna beleza do amor.
AAA
A. Narciso @ sábado, agosto 11, 2007
quinta-feira, julho 26, 2007
Dolce Vita
Após longo interregno das Crónicas de ‘Um’ Vagamundo, retomamos a viagem em Aguas Calientes. Se não conseguir uma Dolce Vita no “mínimo deliciosa”, espero que seja no mínimo sugestiva.
Saindo dos trilhos enveredamos pelos sabores. Penetrando as ruas de Aguas Calients já de noite, a maioria oferece aos olhos dos turistas luzes coloridas como chamarizes irresistíveis para mais uma valente dose de souvenir shopping ou numerosos reclames convidando à prova da célebre (entre peruanos) e única Inka Cola – não é para todos os paladares. No fundo, nada mais do que sinais dos tempos da globalização só que cada país obedece às suas próprias nuances e puxa a brasa à sua sardinha. Também em Portugal abundam os reclames a uma qualquer bebida tipicamente nacional.
Nós procuravamos algo que não se limitasse ao simples “proveito” de esvaziar a carteira, mas com isso acalentar e bem os nossos estômagos. O objectivo da nossa busca duma novidade culinária estava bem definido: alpaca. Rapidamente encontramos o lugar perfeito para um serão perfeito.
Um bufete com variados tipos de saladas, de confecção simples mas composto de saborosos ingredientes e temperos. O mais curioso foi encontrar uma parilla tipicamente andina ainda alimentada a cavacos de madeira (e não a gás canalizado ou carvão tratado) dominando o centro da sala e, obviamente, o centro das atenções de qualquer um que venha a descobrir esta raridade. Daqui saiu directamente para a nossa mesa um delicioso, generoso e suculento bife de alpaca. E sublinho o susulento sem desmérito do delicioso. Para quem seja bom garfo, nada como dizer: é de comer e chorar por mais para se alcançar o prazer de degustar mais esta pérola gastronómica andina.
Para apurar o paladar, e juntar mais um prazer terreno ao banquete, um bom vinho chileno, já que o Peru não é conhecido por produzir bom néctar dos deuses. Haviam-nos despertado a curiosidade para o Undurraga, seguimos a sugestão e não nos arrependemos.
Suficientemente sugestivo?
A. Narciso @ quinta-feira, julho 26, 2007
sexta-feira, dezembro 15, 2006
Passeio Matinal
Manhã fria de Outono. Neva algures na Europa mas não aqui. Aqui o frio é seco, sem humidade. Olhando pela janela da nossa pequena casa de madeira parece-nos que lá fora despertou a Primavera. No céu, que se espelha preguiçoso na lagoa, nem uma nuvem se atreve a passar, não fosse cobrir o sol por engano. Alguns passaritos, mais atrevidos, brincam despreocupados no nosso alpendre. Apenas o manto de folhas multi-coloridas, que cobre o caminho até à lagoa, dá aos olhos a certeza de estarmos na estação correcta. Lembro-me bem do nosso primeiro Outono neste local, para onde rumamos em busca do calor eterno do nosso abraço. Vendo o teu sorriso cúmplice sei que tu também o recordas. Desde esse ano não houve manhã em que não caminhássemos os dois de mão dada pelo bosque após o imperativo café da manhã. Nesta sintonia do pensar dás-me a mão e saímos porta fora sentindo a harmonia dos nossos passos, como que embalados pelo bater de dois corações apaixonados...
A. Narciso @ sexta-feira, dezembro 15, 2006
quarta-feira, novembro 29, 2006
Aguas Calientes
Para quem vai a Machu Picchu, Aguas Calientes é um ponto de passagem obrigatório. Mas esta pequena aldeia andina não se resume a ser um entreposto para quem visita as famosas ruínas Incas. Apesar de pequena, Aguas Calientes respira magia, tradição e tranquilidade. É preciso é procurá-la, de preferência longe dos milhares de turistas que se atropelam, em redor da estação de comboios, para apanhar o próximo autocarro para o famoso santuário. Por isso recomendamos uma noite passada aqui, no meio dos andes, ouvindo o riacho, que corre com pressa, e olhando de baixo para as íngremes rochas que despontam do chão e nos fazem sentir tão pequeninos.
É obrigatório um passeio pelas ruelas da aldeia, onde se encontram peruanos de gema nos seus afazeres, observando os pequenos tesouros da cidade (a castiça linha férrea rodeada por casas multi-coloridas, a estátua do rei Inca, a modesta igreja, etc). Igualmente indispensável é um passeio junto ao rio com a mata andina em redor, a fazer-nos lembrar as idílicas selvas dos confins da Amazónia. E se a magia da simplicidade desta terra e deste povo acolhedor não vos chegar, então percam-se em compras no típico mercado artesanal de Aguas Calientes, onde negociar é lei, para quem quer trazer recordações para todos os que ficaram em casa.
E a cereja em cima do bolo para um dia passado no coração dos andes é uma noite tipicamente andina, onde não faltou a música nem as danças locais a darem ainda mais sabor aos petiscos serranos. Mas a crónica dessa noite fica para outro dia, numa dolce vita que no mínimo será deliciosa...
A. Narciso @ quarta-feira, novembro 29, 2006
sábado, novembro 25, 2006
Através dos teus olhos
Olho através dos teus olhos e vejo o amor, vejo o futuro com que ambos sonhamos e o presente que conquistamos.
Olho através dos teus olhos e revejo o dia em que para sempre unimos o coração... e sorrio, na certeza de ser feliz a teu lado.
A. Narciso @ sábado, novembro 25, 2006
sexta-feira, novembro 17, 2006
Manhãs
Manhã fria de um sol sorridente pincelando um quadro de azul pintado. Da nossa janela dizemos bom dia ao Tejo. O aroma do café decora o ar, os teus gestos embelezam o meu pensamento. Aproxima-se a hora de partir. Num beijo, a vontade revelada de ficar. Mais um abraço, polvilhado de amor, antes da porta nos separar. É sempre cruel a despedida matutina, sempre doce a certeza do regresso...
A. Narciso @ sexta-feira, novembro 17, 2006
terça-feira, novembro 14, 2006
Machu Picchu
Machu Picchu é considerado o maior símbolo do Império Inca, tendo sido descoberto pelo historiador americano Hiram Bingham, que lhe deu o cognome de “A cidade perdida dos Incas”. Localizada a 2350 metros de altura, Machu Picchu ergue-se no topo de um penhasco que dá directamente para o rio Urubamba (600 metros de altura do topo até ao rio), custando-nos a imaginar como é que conseguiram construir uma cidade num local tão inacessível. Não é à toa que os estudos arqueològicos indicam que Machu Picchu foi feita de propósito para proteger a aristocracia Inca a um eventual ataque, havendo vestígios de que nela habitavam pouco mais de 700 pessoas. Parece que cumpriu os seus desígnios visto que tudo indica que nunca foi descoberta pelos exploradores espanhóis.
Todas as visitas a Machu Picchu começam algures na cidade de Cusco. As duas mais populares são o comboio backpacker (por nós escolhido) que nos leva de Cusco até Aguas Calientes na qual se pode apanhar um autocarro que, após oito kilometros de percurso de montanha, nos deixa às portas da cidadela. A outra opção é o mais que famoso Inca Trail (que pode durar 2 ou 4 dias, dependendo do local de partida), que exige para além de boa forma física uma boa dose de coragem visto que grande parte do percurso é feito a mais de 3000 metros de altitude, o que como já referi na passada crónica, não é tarefa fácil.
Mas independentemente da forma escolhida para chegar ao Santuário de Machu Picchu o deslumbre é o mesmo. A cidade Inca está muito bem conservada (tendo já sido alvo de trabalhos de reconstrução por parte da UNESCO) e a localização não podia ser mais idílica. A sensação de paz é inevitável, mesmo com o recinto cheio de turistas sendo que a visão em redor é soberba, com as nuvens a descobrirem de quando em quando os inúmeros cumes das montanhas que rodeiam a cidade. E assim termino esta breve crónica sobre Machu Picchu, sem dúvida um lugar de sonho e para sonhar...
A. Narciso @ terça-feira, novembro 14, 2006
terça-feira, novembro 07, 2006
Dolce Vita
Outros mundos, outros sabores.
Na América Latina, mais propriamente no seio da “perdida” civilização Inca a que os homens e a história fizeram designar de Cusco, há possibilidade de degustar sabores de tempos imemoráveis. Falamos de um prato servido aos reis Incas que a tradição destas paragens levou à mesa dos noivos em celebrações de casamento.
Espantar-se-ão, certamente, os defensores dos animais. Não se choquem os amantes deste animal de estimação de ar fofinho. Se nos abstivermos da imagem do pet (tarefa um pouco complicada!) esta refeição torna-se numa experiência gastronómica deveras saborosa! O pitéu de seu nome CUY na língua peruana é, de facto o nosso tão conhecido porco-da Índia. Sim, é verdade, porco-da-Índia! Assado no forno ou grelhado na brasa, com um tempero não revelado a nós turistas mas de rico paladar, este é um prato a não perder, como prato principal ou num mix de carnes duma parrilla andina, onde um outro sabor se junta – deste falaremos numa próxima crónica de sabores.
A acompanhar…? Um bom vinho, obviamente, chileno de preferência já que o Peru não é propriamente conhecido pelas suas castas a resultarem em néctar dos deuses. Não quer isto dizer que não tenham vinhos bem apaladados, acompanhantes adequados deste(s) novo(s) sabor(es).
Para quem visite o Peru é uma iguaria à qual não nos devemos fazer de rogados pois é uma das grandes especialidades gastronómicas do país.
Anónimo @ terça-feira, novembro 07, 2006
segunda-feira, outubro 23, 2006
O Homem que lê
Hoje passamos pela tua rua e não te vimos. A arcada que havias tomado como lar está nua, nela nem um traço de ti. Nunca soubemos o teu nome e muito menos o porquê de estares ali noite após noite. Já nem nos recordamos de quando reparamos em ti. Talvez voltássemos de um sarau de café ou de uma qualquer sessão de cinema. Recordamo-nos sim que vínhamos a falar de cultura quanto vimos uma luz mexer-se na escuridão. Olhamos de soslaio e vimos-te. Empunhando uma pequena lanterna na mão apontavas para um qualquer livro que lias, com uma expressão de alegria gravada no rosto sulcado, daquela alegria intrínseca de quem viaja, de quem conhece novos mundos e não se contenta com uma só vida. Talvez recordasses aquela que viveste, ou a que gostarias de ter vivido. Ou talvez apenas sorrisses para o destino que te levou até aquela arcada, embrulhado numa manta rota, tingida de sujidade. Ao teu lado jaziam os teus pertences, o que consideravas fulcral para ti. Um saco de roupa, uma garrafa semi-vazia e uma pilha de livros. Nessa noite baptizamos-te como o “Homem que lê” e assim ficou para sempre o teu nome entre nós.
A partir dessa noite habituamo-nos a ver-te e à nossa maneira cumprimentávamos-te no silêncio de um piscar de olhos. De seguida olhávamos um para o outro e sorriamos, pois tu eras a prova viva de que a paixão pelas letras não morre, nem na fria rua. Era assim a nossa espécie de homenagem a ti.
E ali indiferente às intempéries do tempo e da vida, abstraído de quem passava tu lias noite após noite, não te importando minimamente se a parca luz da velha lanterna te macerava os olhos ou se o frio mármore te estragava as costas.
Hoje não te vimos, nem sabemos se o voltaremos a fazer, mas sempre que desfolharmos um livro virá até nós a visão de ti.
A. Narciso @ segunda-feira, outubro 23, 2006
quarta-feira, outubro 18, 2006
Snapshot XXV
Sinais do Tempo
A. Narciso @ quarta-feira, outubro 18, 2006
terça-feira, outubro 03, 2006
Banco de Jardim
Sou um homem gordinho tendo em conta as vozes que escuto no caminho, seja que caminho for. Eu acho que sou somente forte. Gosto de jardins, independentemente de quais as flores que escondem ou da origem das árvores que lhes dão sombra. Todos os dias, durante a minha hora de almoço vou ao mesmo jardim. Ah, é verdade, ainda não vos tinha dito qual é o meu trabalho. Sou técnico de automóveis, pelo menos é esse o nome que escreveram no meu contrato. Não percebo nada de contratos e nem sabia que tinha habilitações para ser um técnico de automóveis. Mas pelos vistos tenho e como tal deixei de ser mecânico... se bem que continue a fazer as mesmas tarefas que na Oficina do Tio Pedro.
Mas dizia eu que gosto muito de jardins, independentemente de qual a estação. No Outono os jardins ficam cobertos de folhas amarelas e castanhas. Li algures que no norte da Europa lhe chamam neve dourada. Nunca vi neve branca mas dourada vejo muita. E gosto do nome que lhe dão. No Inverno as folhas dão lugar aos caminhos enlameados. É chato porque sujo as botas todas e perco as minhas noites a engraxá-las. Mas tem algo de bom o Inverno. O jardim fica deserto e ninguém goza comigo. Mas apesar de tudo prefiro a Primavera, quando o sol começa a raiar. Escuto os passarinhos e sinto os raios de sol a aquecerem-me a pele. Ah, e começam a aparecer as pessoas que passeiam os cãezinhos. Adoro os cãezinhos e eles também gostam de mim. Alguns até me vêm lamber a mão de quando em quando. É pena que devido a isso os donos lhes ralhem. Eles não me incomodam nada. Eu tento dizer-lhes mas ninguém me escuta...
E depois chega o Verão. Aqueles dias de calor em que só no jardim encontro um fresquinho. Só que no Verão todos querem os bancos de jardim. Nas outras estações tenho muitos por onde escolher se bem que eu escolha sempre o mesmo. Aquele que dá vista para o lago onde noutros tempos havia patos pretos. Chamam-lhes cisnes, acho eu.
Mas quando o meu banco do jardim está livre sento-me lá e estico as pernas. Nesses dias descalço as botas e coloco-as ao sol para secarem o suor da manhã. E depois volta o Outono e tudo se repete em redor do meu banco de jardim.
A. Narciso @ terça-feira, outubro 03, 2006
sexta-feira, setembro 22, 2006
Melodia
O Outono timidamente espreita na esquina deste dia. Nos jardins já esvoaçam, ao sabor terno do vento de final de verão, as amareladas folhas. O chilrear dos pássaros começa a desaparecer e as cigarras parecem já ter hibernado. Hoje, neste dia que circunda o Outono, também eu quero hibernar nos teus braços, celebrando um Amor sempre crescente. Hoje pode ser a véspera do Outono, mas lá bem no alto o sol brilha, e no nosso coração escuta-se a melodia da eterna Primavera. Parabéns!!!
A. Narciso @ sexta-feira, setembro 22, 2006
terça-feira, setembro 19, 2006
Cusco
Por entre as enormes montanhas da cordilheira dos Andes, a cerca de 3400 metros de altitude, “esconde-se” a antiga capital do Império Inca, a cidade de Cusco (que no idioma Quíchua significa “umbigo”). Logo à chegada somos brindados com o síndroma da “altitude sickness” e como não poderia deixar de ser, com o tradicional remédio para tais indisposições, o famoso Mate de Coca. Depois de uma boa litrada do milagroso chá (como dizem os peruanos “Hoja de coca no es droga” – confirma-se), as tonturas e a indisposição começam a passar, ficando apenas a dificuldade em respirar (fruto do pouco oxigénio), que sempre atrasa o passo aos caminhantes, sobretudo quando têm de subir alguns montes. Mas nada que não se supere, sobretudo quando a sede de descoberta é grande.
O primeiro local a ser visitado por nós foi o imponente Koricancha (o Templo do Sol Inca), que foi convertido em convento pelos espanhóis no século XVII (hoje chama-se também Convento de São Domingo). Para além da beleza do edifício (de decoração Barroca) as arcadas do seu átrio foram transformadas num museu arqueológico, onde se pode ver das mais bem conservadas pedras Incas. É sem dúvida interessante comparar os dois tipos de arquitectura (a Inca e a Espanhola), que convivem lado a lado neste local. O templo do sol, assim como outros de menor relevo (templo da Lua, Vénus, etc) também se encontram em relativo bom estado de conservação e merecem a nossa visita.
Após a visita a Koricancha rumamos até à Plaza de Armas, onde se pode ver e sentir a vida peruana e onde as principais ruas de Cusco desembocam. Já em Lima tínhamos visitado uma praça similar, mas a de Cusco é de excepcional beleza e é o local perfeito para recuperar o fôlego, sentado num dos seus bancos, depois de uma caminhada pela cidade (e bem que se precisa de fôlego a esta altitude). O único senão é a quantidade de crianças e adultos (à semelhança de Lima) que tentam a todo o custo que lhes compremos algo, ou que tiremos uma fotografia a seu lado (e dos seus animais) de forma a ganharem alguns soles (moeda local). De notar ainda que nas arcadas que rodeiam a praça se podem encontrar vários restaurantes com excelentes iguarias andinas (sobre isso falaremos mais tarde), agências de viagens (para se ir a Machu Picchu é imprescindível) e lojas de recordações (sempre importante). Mas apesar de tudo, o grande “highlight” da praça é, sem sombra de dúvidas, a imponente Catedral de Cusco.
A mencionada Catedral data de 1669, se bem que a sua construção se iniciou um século antes, tendo sido erguida por cima de um palácio Inca (Palácio Virococha). É em nossa opinião a mais bela catedral do Peru, superando em beleza (e talvez mesmo em tamanho) a sua congénere de Lima. Um verdadeiro tesouro dos tempos coloniais espanhóis.
Mesmo ao lado da Catedral (do outro lado da estrada) fica outro dos monumentos que quem passa por Cusco não pode deixar de visitar. Estou a falar da Igreja Jesuíta, construída no local onde anteriormente ficava o palácio do Imperador Inca (como já devem ter depreendido, os espanhóis gostavam muito de construir em cima das construções Incas – visível por toda a cidade). Historia à parte, é um local que merece um olhar atento.
Após visitar o centro histórico da cidade rumamos até ao Sacsayhuaman (soletrado com “Sexy Women”, o que origina diversas brincadeiras), nome dado às ruínas Incas que ficam num dos montes que rodeia a cidade (aqui já estaremos a quase 4000 metros de altura). É possível chegarmos lá a pé vindo do centro, mas não é aconselhável, sobretudo se ainda não se tiver feito a aclimatização (entre 24 a 48 horas para quem venha do nível do mar). De “Sexy Women” não tem nada mas uma vez lá é maravilharmo-nos com a vista sobre a cidade (não perder o pôr-do-sol) enquanto imaginamos como seria Cusco antes da invasão espanhola (Cusco foi originalmente construída em forma de Puma, sendo que Sacsayhuaman seria a sua cabeça). O espaço é enorme e algumas das pedras das construções têm mais de 200 toneladas medindo cerca de 8 metros. Imperdível! E por hoje ficamos por aqui...
A. Narciso @ terça-feira, setembro 19, 2006
quarta-feira, setembro 06, 2006
Sombra
O vento sopra de norte embalando as águas de mil tonalidades de verde da lagoa. A oeste do imponente vulcão Licancabur está o deserto de Atacama, aquele que é considerado o mais árido do mundo. Difícil de acreditar tendo em conta que enquanto caminhamos, os nossos passos tatuam a fofa neve. É assim o lado este de Licancabur; é assim a entrada na Bolívia. Agora o vento sopra mais forte, levantando a neve, mas nós permanecemos caminhando, trilhando a vida na sombra do amor...
*AAA*