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Alma de um VagaMundo

terça-feira, outubro 03, 2006

Banco de Jardim 



Sou um homem gordinho tendo em conta as vozes que escuto no caminho, seja que caminho for. Eu acho que sou somente forte. Gosto de jardins, independentemente de quais as flores que escondem ou da origem das árvores que lhes dão sombra. Todos os dias, durante a minha hora de almoço vou ao mesmo jardim. Ah, é verdade, ainda não vos tinha dito qual é o meu trabalho. Sou técnico de automóveis, pelo menos é esse o nome que escreveram no meu contrato. Não percebo nada de contratos e nem sabia que tinha habilitações para ser um técnico de automóveis. Mas pelos vistos tenho e como tal deixei de ser mecânico... se bem que continue a fazer as mesmas tarefas que na Oficina do Tio Pedro.

Mas dizia eu que gosto muito de jardins, independentemente de qual a estação. No Outono os jardins ficam cobertos de folhas amarelas e castanhas. Li algures que no norte da Europa lhe chamam neve dourada. Nunca vi neve branca mas dourada vejo muita. E gosto do nome que lhe dão. No Inverno as folhas dão lugar aos caminhos enlameados. É chato porque sujo as botas todas e perco as minhas noites a engraxá-las. Mas tem algo de bom o Inverno. O jardim fica deserto e ninguém goza comigo. Mas apesar de tudo prefiro a Primavera, quando o sol começa a raiar. Escuto os passarinhos e sinto os raios de sol a aquecerem-me a pele. Ah, e começam a aparecer as pessoas que passeiam os cãezinhos. Adoro os cãezinhos e eles também gostam de mim. Alguns até me vêm lamber a mão de quando em quando. É pena que devido a isso os donos lhes ralhem. Eles não me incomodam nada. Eu tento dizer-lhes mas ninguém me escuta...
E depois chega o Verão. Aqueles dias de calor em que só no jardim encontro um fresquinho. Só que no Verão todos querem os bancos de jardim. Nas outras estações tenho muitos por onde escolher se bem que eu escolha sempre o mesmo. Aquele que dá vista para o lago onde noutros tempos havia patos pretos. Chamam-lhes cisnes, acho eu.

Mas quando o meu banco do jardim está livre sento-me lá e estico as pernas. Nesses dias descalço as botas e coloco-as ao sol para secarem o suor da manhã. E depois volta o Outono e tudo se repete em redor do meu banco de jardim.

A. Narciso @ terça-feira, outubro 03, 2006

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