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Alma de um VagaMundo

sexta-feira, setembro 30, 2005

Barra do Kwanza 



Para quem queira ter um verdadeiro Taste of Africa, a barra do rio Kwanza (que dá o nome à moeda angolana) é o local ideal, até porque fica a somente uma hora de distância da capital, Luanda. Na zona encontra-se o Parque Nacional da Quiçama que conta com um estabelecimento para visitantes junto ao rio Kwanza, uma Pousada e vários bungalows, assim como o empreendimento Mangais, que oferece a oportunidade de passeios pelo rio, safaris, pesca desportiva e afins, assim como estadia e alimentação de elevada qualidade.



Quanto ao local propriamente dito posso dizer-vos que a vegetação varia muito na barra do Kwanza , com mangais, mata densa, savana, árvores dispersas, cactos, imbondeiros e grandes zonas de arvoredo.



Não é de estranhar portanto que uma tal variedade de vegetação seja acompanhada de uma fauna abundante e variada. Existem Manatins Africanos (Trichechus senegalensis), Palancas vermelhas (Equinus de Hippotragus), Talapoins (Miopithecus talapoin) e Tartarugas marinhas. Existe também uma grande variedade de aves e no parque é possível ver elefantes (trazidos à relativamente pouco tempo da Africa do Sul) caso eles estejam bem dispostos e se dignem a passar pelos caminhos seleccionados no roteiro. Eu não tive essa sorte...



Na zona existem também várias povoações (de pequena dimensão) onde é possível confraternizar com os nativos, descobrindo assim um pouco mais da cultura e dos hábitos locais. E de resto é aproveitar o azul intenso do rio, a terra vermelha da vida e os sons impercebíveis da selva. No fundo é sentir a magia Africana, que nos impele a sonhar e nos mostra, desinteressadamente, a simplicidade da vida.



E assim terminam os relatos da minha curta passagem por Angola. Obrigado pelos pensamentos que por cá foram deixando, completando assim estas pequenas crónicas.



Bom fim de semana!!!

A. Narciso @ sexta-feira, setembro 30, 2005

quinta-feira, setembro 29, 2005

Hora do Cinema 

A rubrica a Hora do Cinema regressa com “A Dama de Honor”, o novo filme de Claude Chabrol considerado por muitos como o Hitchcock francês. O filme é no fundo a história de um romance sufocante entre dois burgueses da França dos nossos dias com um travo de mistério.



A acção desenrola-se nos arredores de Nantes onde uma jovem rapariga desapareceu. É no mesmo quarteirão que vive uma pequena família burguesa: Philippe (Benoît Magimel), a mãe cabeleireira ao domicílio (a delicada Aurore Clément) e as duas jovens irmãs. Empregado estimado numa pequena empresa, Philippe é o protótipo do rapaz que tem os pés bem assentes na terra. Aparentemente, pelo menos. Porque no dia em que a irmã se casa, conhece uma das damas de honor, Senta (Laura Smet), que sabe muito bem o que quer. Amor à primeira vista, sexo, paixão? Rapidamente, Philippe compreende que o imaginário ocupa um grande lugar na vida de Senta. Não será ela um pouco mitómana? Não tem ele próprio relações bizarras com um busto de mulher cujos traços lhe lembram Senta? O dia em que ela lhe diz que para viver plenamente é preciso matar alguém, Philippe fica um pouco preocupado. Mas não mais que isso. Porém deveria...

Em minha opinião o filme do realizador de “ A cerimónia” tinha todos os ingredientes para ser um filme de grande qualidade, mas sendo o ritmo da acção demasiado lento e previsível, demasiado clássico, faz com que a película não passe de um filme mediano. Porém, tendo em atenção o cartaz de cinema actual é uma opção viável para quem queira ver algo no grande ecrã.

Boas Sessões!!!

A Dama de Honor
Título original: La Demoiselle d' Honneur
De: Claude Chabrol
Com: Benoît Magimel, Laura Smet
Classificacao: M/16
ALE/FRA/ITA, 2004, Cores, 111 min.

A. Narciso @ quinta-feira, setembro 29, 2005

terça-feira, setembro 27, 2005

Noites... 



Noite de luar.
Um temporal cai lá fora
perante o olhar indiferente do mundo, perante nós.

Noite de Outono.
Cá dentro desaparecemos no sonho
no aninhar dos corpos em seu porto de abrigo.

A. Narciso @ terça-feira, setembro 27, 2005

sexta-feira, setembro 23, 2005

Mausoléu Agostinho Neto 



Lá no horizonte
o fogo
e as silhuetas escuras dos imbondeiros
de braços erguidos
No ar o cheiro verde das palmeiras queimadas

Poesia africana

Na estrada
a fila de carregadores bailundos
gemendo sob o peso da crueira
No quarto
a mulatinha dos olhos meigos
retocando o rosto com rouge e pó de arroz
A mulher debaixo dos panos fartos remexe as ancas
Na cama
o homem insone pensando
em comprar garfos e facas para comer à mesa

No céu o reflexo
do fogo
e as silhuetas dos negros batucando
de braços erguidos
No ar a melodia quente das marimbas

Poesia africana

E na estrada os carregadores
no quarto a mulatinha
na cama o homem insone

Os braseiros consumindo
consumindo
a terra quente dos horizontes em fogo.

Agostinho Neto

A. Narciso @ sexta-feira, setembro 23, 2005

quinta-feira, setembro 22, 2005

Bem Vindo Outono 



Agora sim... que façamos do Outono a Primavera,
E que voemos... voemos para longe, nas asas que juntos reinventamos.

A. Narciso @ quinta-feira, setembro 22, 2005

terça-feira, setembro 20, 2005

Café... 



De novo a mesa do café
O empregado atencioso
O fumo compacto
A chávena vazia
O cigarro aceso
A espera do teu sorriso
Uma caneta enganando a ânsia
Gravando palavras numa folha baça

Assim eu escrevo enquanto espero
Ao fim da tarde
Na mesa habitual
Do café da nossa cumplicidade.

AAA

A. Narciso @ terça-feira, setembro 20, 2005

sexta-feira, setembro 16, 2005

Vagamundos 



Um dia, os passeios encheram-se de nós,
as ruas perderam-se no arrepio nocturno do suor arrancado
das margens verticais do nome pele,
pele imensa,
imensa pele de nós...

E na noite, no vidro opaco dos poemas,
Foram tantas as calçadas transfiguradas em amor!
Tantos os pátios em versos convertidos!
Tantos os becos decorados de silêncio!...

AAA

A. Narciso @ sexta-feira, setembro 16, 2005

quarta-feira, setembro 14, 2005

Miradouro da Lua 



Na estrada que liga Luanda à Barra do Kwanza encontra-se o Museu Nacional da Escravatura (na fotografia é o edifício que está na ilhota). A sede do Museu situa-se no interior de uma capela do século XVII, a denominada "Capela da Casa Grande", localizada no Morro da Cruz. Esta Capela é de grande representatividade histórica, pois era o lugar onde os escravos eram baptizados antes de embarcar nos navios negreiros que os levavam às colónias. Indubitavelmente nos arrepiamos quando olhamos em volta e imaginamos como foi há muitos anos atrás, quando milhões de vidas foram forçosamente decididas.



Continuando o nosso caminho pela já mencionada estrada chegamos a um dos locais mais belos e únicos de Angola. Falo do Miradouro da Lua, que é uma formação de falésias que permite uma vista incrível sobre o mar angolano, principalmente ao pôr-do-sol.



Olhando em redor facilmente nos apercebemos do porque do seu nome. É que é muito fácil imaginar que estamos na superfície lunar, conhecido pelas suas formações irregulares e com uma aridez fabulosa. As imperfeições da terra, o cheiro e a cor deste local remetem-nos para “outro mundo”, tão perto e distante do nosso, como o mar está do céu.

A. Narciso @ quarta-feira, setembro 14, 2005

quinta-feira, setembro 08, 2005

Desenho 



Olhar perdido no horizonte
neblina habitada de silêncios
cidade adormecida.

Sorriso desperto num beijo
desenho de um sonho
amor ilustrado.

AAA

A. Narciso @ quinta-feira, setembro 08, 2005

quarta-feira, setembro 07, 2005

A vida não chega 



Viviane, ex-vocalista dos Entre Aspas lançou no passado Junho o seu primeiro album a solo. Deste seu primeiro trabalho destaco a canção "A vida não chega" (para escutar na secção música), que tanto me diz... bastava trocar o mar pelo rio.

Dois lírios sobre a mesa
Uma janela aberta sobre o mar
Trago em mim a certeza
De quem espera p´lo teu voltar

Um cheirinho a café
Fotografias caídas pelo chão
E no ar uma canção
Traz-me uma recordação

Tenho tanto por dizer
Tanto por te contar
Que a vida não chega
Tenho o céu e tenho o mar
E tanto para te dar
Que a vida não chega


Tenho um poema escrito
Guardado num lugar perto do mar
Tenho o olhar no infinito
E suspiro devagar

Tenho tanto por dizer
Tanto por te contar
Que a vida não chega
Tenho o céu e tenho o mar
E tanto para te dar
Que a vida não chega


O tempo aqui parou
Desde que te foste embora
Só a saudade ficou
já não aguento tanta demora

Tenho tanto por dizer
Tanto por te contar
Que a vida não chega
Tenho o céu e tenho o mar
E tanto para te dar
Que a vida não chega


Tenho tanto por dizer
Tanto por te contar
Que a vida não chega
Tenho o céu e tenho o mar
E sei que vou te amar
Para a eternidade…

Viviane

A. Narciso @ quarta-feira, setembro 07, 2005

segunda-feira, setembro 05, 2005

Forte de São Miguel - Luanda 

"Em mil quatrocentos e oitenta e dois, Diogo Cão e os seus companheiros desceram neste recanto de terra de Angola e cravaram aqui o padrão do descobrimento e posse com as armas de Portugal e a cruz de Cristo, para que fosse ao mesmo tempo campo de expansão do espírito português e da religião cristã.
Desde essa hora ficou Angola incorporada no Império. Com a certeza de que fala pela minha voz Portugal inteiro, o passado e o presente, os vivos e os mortos, evoco todos os obreiros da grandeza da pátria, marinheiros, militares e missionários, fazendeiros e mercadores e, perante Deus e os homens, declaro que Portugal seguirá nos caminhos imortais da sua vocação apostólica de povo civilizador; proclamo neste lugar sagrado da Pátria a unidade indestrutível e eterna de Portugal de Aquém e Além-mar."


Discurso proferido pelo chefe do estado da ponta do padrão em 30 de Julho de 1938.



É este o discurso que se pode ler na tabuleta que se encontra cravada na entrada do forte de São Miguel, em Luanda. Um discurso de outros tempos, que já não se aplica. Angola é hoje uma nação soberana e do Império Português apenas resta a história, história essa que não deve ser esquecida. Felizmente para nós o povo angolano pensa da mesma forma e só assim me foi possível viajar no tempo, naquela que é a maior atracção turística de Luanda.



No forte de São Miguel é verdadeiramente possível sentir os mais de 500 anos da presença portuguesa em Angola enquanto caminhamos pelas suas muralhas, pelos seus pátios e pelos seus corredores (onde podemos ver bons trabalhos em azulejo, se bem que algo degradados). No pátio principal é possível ainda ver várias estátuas portuguesas (de Diogo Cão, Vasco da Gama entre muitos outros), que foram retiradas dos seus locais originais, na cidade de Luanda, após a declaração de independência em 1974.



Para mais o governo Angolano transformou o forte num museu militar onde é possível ver-se fotografias e armas da guerra colonial (entre outras coisas, das quais destaco a propaganda portuguesa). Apesar de algumas das fotografias serem chocantes, recomendo vivamente a sua visita, para quem passe por lá.



Para terminar, nada como aproveitar a excelente vista sobre Luanda e a sua ilha, que o forte nos proporciona. Devido à cacimba as fotografias não têm a visibilidade desejada, mas espero que possam ficar com uma ideia da vista. E é com elas que me despeço por hoje.


(Ilha de Luanda)


(Marginal de Luanda)


(Mausoléu)

A. Narciso @ segunda-feira, setembro 05, 2005

quinta-feira, setembro 01, 2005

De Regresso 



Apesar das férias terem sido somente as duas semanas anunciadas, a minha ausência acabou por ser um pouco mais longa do que esperado. Mas estou de volta e espero que para ficar. Com o meu regresso, regressam também algumas das antigas rubricas desta casa, como é o caso da “Dolce Vitta”, “Hora do Cinema”, “Quadro e Lugar da Semana” e afins. Continuam as habituais crónicas de viagens, os contos e a poesia. E claro, espero poder continuar a contar com as vossas palavras, com os vossos pensamentos.

Quanto às férias em si, garantia de que foram passadas na companhia dos que mais amo, com duas pequenas viagens que nos encheram de recordações. Podem portanto contar com fotos e relatos de Barcelona e do tão nosso Gerês.

Um forte abraço a todos e obrigado por todo o carinho demonstrado durante a minha ausência. Espero estar à altura!

A. Narciso @ quinta-feira, setembro 01, 2005

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2004 by Alexandre Narciso

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