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Alma de um VagaMundo

quarta-feira, fevereiro 09, 2005

Era uma vez... 



Era uma vez... quantas historias não foram já escritas começando assim? Muitas certamente. E todas elas têm outro ponto em comum: a sua unicidade.

Também assim o é, a nossa. Muitas vezes recordo aquela tarde inesquecível... foi num passeio outonal, pelo meio dos verdes pinhos de uma qualquer floresta perdida no tempo. Falávamos, animados pela brisa que fazia balancear as árvores numa dança perpétua, ao som da valsa por elas tocada. Por debaixo dos nossos pés alguns gravetos se quebravam ante a nossa passagem. Nos céus, sempre nos céus, as cotovias voavam e cantavam. Foi assim... recordo-me bem... toquei ao de leve na tua mão, vi o sorriso nascer no brilho dos teus olhos e soube amar-te. Esse sorriso nunca mais te deixou, assim como o encantamento que deixou em mim. Beijei-te, ou melhor, beijamo-nos. Sim, porque o Eu faz pouco sentido quando é o Nós quem somos. Tem graça isto do Nós. Já o tinha lido em livros, visto em filmes e até mesmo escutado em baladas lamechas de românticos... já me tinha rido a bandeiras despregadas da invisibilidade dos amantes.

Mas hoje recordo-me bem daquela primeira vez... foi naquele areal de que tanto me falavas. Caminhávamos os dois com o mar como horizonte, com a brisa do Oceano a fazer esvoaçar os teus finos cabelos alados, trazendo com ela o odor das ninfas que o habitam. Ou seria o teu perfume? De pouco interessa. Nos céus, pincelados pelo branco das gaivotas, o sol brilhava. Era uma bela tarde de Verão... toquei ao de leve na tua mão, vi o sorriso nascer no brilho dos teus olhos e soube amar-te. Beijamo-nos! Sim, agora já não me engano.

Lembro-me bem! Estava um frio de rachar. O ano ainda era uma criança quando nos aventuramos na gélida montanha, na tarde dos nossos sonhos. Seguíamos o trilho de um qualquer animal pelo meio do imenso manto branco. Disseste-me que era de um coelho... sorri. De pouco importava de quem seriam as pegadas. O trilho, que verdadeiramente importava, recebia agora os primeiros passos destes eternos caminhantes. Terminamos o dia numa qualquer cabana de madeira com o crepitar da lareira como horizonte. Lá fora nevava. Bebíamos o vinho do qual tanto te havia falado... toquei ao de leve na tua mão, vi o sorriso nascer no brilho dos teus olhos e soube amar-te. Uniram-se os nossos lábios.

Como podes ver, recordo-me bem daquela tarde primaveril, num qualquer café lisboeta, ao sabor das palavras, sobre o aroma de um café... trocamos sorrisos, trocamos momentos, nasciam certezas... toquei ao de leve na tua mão, vi o sorriso nascer no brilho dos teus olhos e soube amar-te.

Pois é, de pouco importa onde, no espaço e no tempo, coloco aquela tarde... sempre acaba assim... com duas almas distintas perdidas no mesmo sonho.

Fotografia de Victor Ivanovski

A. Narciso @ quarta-feira, fevereiro 09, 2005

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