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Alma de um VagaMundo

sexta-feira, setembro 03, 2004

Hora do Cinema 

Estreou esta semana nas nossas salas, o novo filme do realizador austriaco Michael Haneke. O argumento anda à volta de uma situação de caos, situação essa que nunca ficamos bem a saber qual é. Não que isso importe... O que importa mesmo é que toda a acção decorre no campo, onde pessoas que tinham uma vida vulgo normal (como a nossa?) lutam para sobreviver numa comunidade “feita” de emergência, onde a heterogeneidade reina, e onde se convive com a fome, a sede e a morte diariamente. Pessoas normais obrigadas a viver uma situação de calamidade, onde a sobrevivência é o que mais conta, e onde o lado animal se solta com facilidade. O Tempo do Lobo é um filme que de certa forma choca, não tanto pelas imagens, mas pelo que nos leva a reflectir. A ausência total de banda sonora dá ainda mais força ao filme, tornando-o mais duro, mais real na sua surrealidade.

Destaque ainda para a excelente fotografia do filme e para os bons planos. Porém o filme peca pelo excesso de pausas, que retiram um ritmo, que se desejava mais acelerado, ao filme. A idéia é boa, o filme é aconselhável, mas com um pouco mais de ritmo teríamos uma grande obra. Assim temos uma obra mediana cujo grande valor está na reflexão que nos obriga a fazer.


O Tempo do Lobo
Título original: Le Temps du Loup
De: Michael Haneke
Com: Béatrice Dalle, Isabelle Huppert, Patrice Chéreau
Género: Dra
Classificacao: M/16
ALE/FRA, 2003, Cores, 110 min.

Argumento: "Quando Ana (Isabelle Huppert) e a família chegam à sua casa de campo descobrem que está ocupada por estranhos. Mas esta será apenas a primeira descoberta do que será um doloroso processo de aprendizagem. Nada mais é como era. O mundo está à beira do caos. O que começa por ser a história de Ana e dos dois filhos acaba por assumir contornos de um drama global. "O Tempo do Lobo" é o último filme de Michel Haneke, realizador de "A Pianista" e "Brincadeiras Perigosas"." in Público

E como o tempo se apresenta bem cinzento para o fim de semana, sem dúvida alguma que o hábito outonal de visionar um bom DVD, no aconchego do sofá, se torna bastante aliciante. Proponho então o filme Lilya para Sempre, um dos melhores filmes que visionei nos últimos tempos.

Lilya para Sempre

Título original: Lilya 4 Ever
Realizador: Lukas Moodysson
Intérpretes: Oksana Akinshina, Artyom Bogucharsky, Lyubov Agapova, Liliya Shinkaryova, Elina Benenson
Suécia/Dinamarca, 2003

Este é o primeiro filme do sueco Lukas Moodysson a estrear-se em Portugal e conta uma história de confronto do mundo juvenil com o adulto, pintada com tintas muito negras.

Lilya (Oksana Akinshina) é uma vítima anónima do fim do comunismo na Russia. Abandonada pela mãe, que foge para os EUA com o namorado, e pela tia num quarto imundo num prédio degradado de um subúrbio miserável de uma cidade russa, Lilya vê-se sem dinheiro para sobreviver. Acaba por ter de se prostituir para que possa comprar comida. Numa dessas incursões pela noite conhece um rapaz russo emigrado na Suécia, pelo qual se enamora e que a leva a deixar o país.

Lilya para sempre é um filme que retrata bem a queda de um anjo, a perca da inocência da pior forma, num mundo cruel talhado pelo sofrimento, pela dor, e sobretudo pela terrivel constatação de que tem "mundos" dos quais já não há saida.

Bom Fim de Semana!

A. Narciso @ sexta-feira, setembro 03, 2004

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